sábado, abril 18, 2009

Pequena voz

Sou uma voz nesta imensidão. Sou a voz que sou, pequena e inexacta mas não modesta para não se querer ouvir. Sou apenas a voz dentro de outra que procura sair dentro da mesma no meio de um mar de outras. Ondulo entre essas com as minhas no mesmo meio mas umas são mais vozes que outras. Terão um maior querer ou quem fala por elas é maior do que quem fala pelas outras? Ou terão quem as ouve um designo? São apenas almas exprimindo-se só que umas pelo sentimento outras pelo clamor ou impulsão. Cabe portanto a quem escuta, ouvir queixando-se ou pressentindo.

Leve, de muito leve dormirei?

Leve passei por hoje e este hoje foi. Foi apenas por ser simples. E simples devia ser sempre. Leve passei por tantos outros, sem nada mais, mas este foi. E ser é diferente de nada. É ser o que simplesmente se é e não simplesmente o que podemos. De leve fui o que sempre fui e deixei de ter. Leve, de muito leve dormirei hoje, ou simplesmente acordarei? Despertarei amanhã para um como o de hoje ou apenas em vão? Não há amanhã hoje igual a hoje porque hoje é agora e agora apenas existe hoje. Existe apenas outro e depois outro e esse outro nunca é como o de hoje. Leve, de muito leve dormirei hoje, ou simplesmente acordarei?

Uma sexta sem fim



Ser alguém a uma sexta, igual a muitas outras, é como uma aparição de uma alma do outro mundo. Vislumbro um mundo que outrora foi o meu conquistado por tantos outros e eu, do outro, apareço. Há dias a uma sexta-feira diferentes de todos os outros. Tantas e tantas outras apenas o neutro, e heis que uma, a mais longa de todas, me ergue do mundo dos extintos. Estranho doutores de amor, universos nunca sonhados, vidas que nunca a própria vida cuidou e olhares cujo olhar uma existência toma, exorcizam-me de volta à minha esfera armilar. Esse dia, a uma sexta, fica apenas para lembrar que vida passa e que os primeiros passam a segundos e os segundos a primeiros. E principalmente tudo é próximo quando somos próximos do que somos - apenas um ser deste transformado num de outro. E só dormirei, depois de tantas sextas numa só.